2 de dez. de 2025
Remoção de lentes com segurança: marcadores, guias e laser Er:YAG para preservar esmalte
Trocar ou remover lentes de porcelana não é “descolar e puxar”. A remoção segura exige diagnóstico, marcadores que diferenciam cerâmica de dente, guias de espessura e, quando indicado, o laser Er:YAG para acabamento minimamente térmico. Objetivo: retirar apenas a cerâmica, mantendo esmalte/dentina íntegros e um campo limpo para a nova reabilitação.
Quando removemos uma lente (e o que avaliamos antes)
Indicações: fratura/lasca extensa, desadaptação marginal, cor/valor incompatíveis, infiltração, troca de planejamento estético.
Checklist prévio: fotos padronizadas (incluindo polarizada), scanner intraoral (mapa de espessuras), checagem periodontal, oclusão e cor.
Planejamento: decidir nova cor/formato, confirmar adesão prévia (em esmalte x dentina) e alinhar expectativas de tempo e sensibilidade.
Marcadores visuais e táteis: como diferenciar cerâmica de esmalte/dentina
Cor e brilho: a cerâmica costuma refletir luz diferente do esmalte; usar iluminação controlada e aumento (lupas/microscópio).
Som e vibração: o toque de ponta diamantada fina em cerâmica produz ruído/tátil distintos do dente.
Tinta guia/traços: riscos superficiais controlados orientam trilhas de alívio sem aprofundar na estrutura dental.
Secagem intermitente: alternar spray de água e ar ajuda a ler translucidez e a linha cerâmica–dente.
Guias de espessura e segurança mecânica
Guia derivada do escaneamento (mockup/planejamento): indica onde e quanto da cerâmica remover.
Trilhas de segmentação: dividir a lente em 2–3 áreas reduz tração na remoção final.
Pontas de granulação fina e baixa pressão: removem cerâmica com menor risco de groove em esmalte.
Spray de água contínuo: controla calor e poeira cerâmica, protegendo polpa e tecidos.
Laser Er:YAG (2.940 nm): acabamento de alta precisão
Como age: absorção intensa em água/hidroxiapatita, promovendo ablação hidrocinética com mínimo dano térmico.
Quando usar:
Acabamento do sulco e microajustes do zênite gengival após retirada;
Exposição de margem (troughing) minimamente invasiva para escaneamento/moldagem;
Limpeza de resíduos de cimento/cerâmica em superfície dental, com parâmetros titulados.
Vantagens: margens nítidas, campo limpo, conforto e cicatrização favorável.
Segurança: spray de água, energias baixas, EPIs e respeito à largura biológica.
Passo a passo clínico (resumo do protocolo Allegra)
Isolamento relativo, fotografia e scanner iniciais.
Marcação de trilhas na cerâmica e remoção segmentada com pontas finas sob magnificação.
Água abundante e pausas de inspeção para confirmar limite cerâmica–dente.
Er:YAG para acabamento gengival/limpeza de resíduos quando indicado.
Profilaxia delicada, avaliação de sensibilidade e decisão imediata: provisório guiado ou novo preparo/adesão conforme plano.
Registro fotográfico e scanner finais para orientar a nova cerâmica.
Dicas para preservar mais esmalte (e reduzir sensibilidade)
Preferir casos com adesão original majoritariamente em esmalte (diagnóstico prévio ajuda).
Pressão leve e granulação fina; evitar calor/fricção prolongada.
Se necessário, dessensibilizantes (nitrato de potássio/fluoreto) e IDS (Immediate Dentin Sealing) quando houver exposição de dentina para a nova fase adesiva.
Provisórios polidos e higiene dirigida entre sessões.
Conclusão
A remoção de lentes bem-sucedida combina leitura precisa (marcadores visuais/táteis), guias de espessura e acessórios de segurança (spray/baixa pressão), somados ao laser Er:YAG para acabamento conservador. Assim, preservamos esmalte, reduzimos sensibilidade e preparamos um cenário ideal para a nova reabilitação — com margens limpas, escaneamento fiel e resultado estético previsível.


