10 de out. de 2025
Lentes de Porcelana vs. Resina Composta: qual material para seu caso?
Quando o objetivo é harmonizar forma, cor e proporção do sorriso, duas rotas aparecem com frequência: lentes de porcelana (cerâmica) e facetas em resina composta (diretas ou indiretas). Ambas funcionam — mas, para quem busca naturalidade estável, resistência a manchas e baixa manutenção a médio e longo prazo, a porcelana tende a ser a melhor escolha.
O que considerar antes de decidir
A escolha do material deve equilibrar: substrato dental (esmalte/dentina), espessura disponível, expectativa de cor/translucidez, hábitos (bruxismo, dieta pigmentada) e disposição para manutenção. O planejamento estético com mockup e a prova de cor/translucidez (try-in) ajudam a visualizar o resultado e alinhar expectativas.
Durabilidade e estabilidade clínica
Revisões de longo prazo mostram altas taxas de sobrevivência das lentes de porcelana quando adesivas ao esmalte, com baixa incidência de fratura, descolamento e alteração de cor. Em resina composta, as taxas de sucesso são boas no curto/médio prazo, porém com maior necessidade de retrabalho (polimentos, repares e substituições pontuais) ao longo dos anos.
Em termos práticos: se a meta é um resultado que permanece estável por muitos anos com pouca intervenção, porcelana costuma entregar a melhor relação resultado/tempo.
Estética: cor, valor e translucidez
A cerâmica (ex.: dissilicato de lítio/e.max®) reproduz com fidelidade valor (luminosidade), matiz/croma e microtextura do esmalte, mantendo esse padrão com o passar do tempo. A resina composta evoluiu muito em estratificação e efeito óptico, mas é mais suscetível à perda de brilho e a pequenas mudanças de cor com o uso.

Resistência a manchas e manutenção
Café, vinho tinto e corantes do dia a dia afetam mais a resina (superfície orgânica), que exige polimentos periódicos para manter brilho e lisura. A porcelana é inertamente mais resistente a pigmentação, preservando o polimento original por anos quando bem indicada.
Custo total de posse (TCO)
A resina tende a custar menos na instalação, porém demanda repolimentos e pequenos reparos com maior frequência. A porcelana custa mais no início, porém tem cronograma de manutenção mais espaçado e maior estabilidade, o que reduz intervenções futuras. Em muitos cenários, o custo total de posse da porcelana se equilibra (ou vence) no horizonte de 5–10 anos.
Quando a resina composta ainda faz sentido
Casos provisórios/temporários (ex.: “testar” forma/alongamento).
Correções pontuais ou aditivos ultra-conservadores quando não se deseja qualquer desgaste.
Pacientes muito jovens (planejamento em fases).
Ajustes de baixo custo imediato, cientes de maior manutenção.
Como decidimos na prática (fluxo resumido)
Avaliação estética e funcional (fotografia, análise de sorriso e oclusão).
Scanner intraoral e planejamento com mockup para validar volumes.
Discussão de material (cerâmica x resina) baseada em substrato, expectativas de cor e rotina de manutenção do paciente.
Prova (try-in) antes da cimentação definitiva quando a opção é cerâmica.
Orientações de higiene e revisões programadas (polimentos na resina; checagem e polimento fino na porcelana).
Conclusão
Se o seu objetivo é estética natural, resistência a manchas e previsibilidade por muitos anos com baixa manutenção, as lentes de porcelana geralmente entregam o melhor pacote. A resina composta é valiosa em estratégias ultra-conservadoras, provisórias ou quando o orçamento imediato é decisivo — desde que exista compromisso com repolimentos e possíveis retoques. A decisão final deve nascer de um planejamento estético individualizado, com mockup e prova, colocando na balança não só o preço inicial, mas o custo total de posse e o quanto você quer (ou não) manter/manusear o seu resultado ao longo do tempo.
referências bibliográficas
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